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Família que passou por tragédia em SC é dona do maior mercado da cidade

A pacata cidade de Mafra, no planalto norte de Santa Catarina, foi abalada por uma tragédia na última segunda-feira, 13 de janeiro. O brutal assassinato da pequena Soraia, de apenas 4 anos, comoveu moradores e gerou reflexões sobre saúde mental e segurança doméstica. O crime chocante aconteceu dentro de sua própria casa, localizada no bairro Vila Ivete, e teve como principal suspeita sua irmã mais velha, de 22 anos, que foi presa em flagrante.

O incidente ocorreu durante o início da tarde, enquanto o pai estava no mercado da família, situado ao lado da residência, e a mãe realizava tarefas no quintal. Conforme as investigações preliminares, Soraia foi atacada enquanto dormia. Apesar do esforço desesperado dos familiares para socorrê-la e levá-la ao Hospital São Vicente de Paulo, a criança não resistiu aos ferimentos.

Após o ataque, a jovem suspeita trancou-se no quarto e ergueu barricadas improvisadas para impedir a entrada das autoridades. A Polícia Militar (PM) foi acionada e precisou utilizar técnicas de contenção para controlar a situação. Vídeos gravados por vizinhos mostram a negociação tensa, na qual os agentes tentavam convencê-la a se entregar. Frases como “Larga a faca!” foram repetidas pelos policiais enquanto buscavam uma rendição pacífica. Quando o diálogo se mostrou ineficaz, foi necessário o uso de spray de pimenta e uma pistola incapacitante para imobilizá-la.

Comunidade de luto

O crime devastou a vizinhança e deixou uma marca de dor profunda. O mercado da família, que permanece fechado desde o ocorrido, tornou-se um símbolo de luto. Um repórter local filmou o exterior do comércio, onde flores foram deixadas como forma de homenagem silenciosa à pequena Soraia.

A escola de educação infantil que Soraia frequentava divulgou uma nota emocionada:
“Hoje choramos a partida precoce de uma menina que trouxe alegria e ternura a todos os que tiveram o privilégio de conhecê-la. Seu sorriso permanecerá vivo na memória de nossa comunidade escolar.”

Colegas de classe e professores, ainda incrédulos, preparam uma cerimônia simples para honrar a memória da menina, repleta de balões brancos e desenhos feitos por amigos.

Um alerta sobre saúde mental

A jovem presa, cuja identidade não foi revelada, já tinha histórico de tratamento para distúrbios psicológicos. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Eduardo Borges, o surto psicótico que resultou no crime será investigado detalhadamente. Um exame de sanidade mental foi solicitado para avaliar o estado da suspeita no momento do ataque.

Casos como este levantam discussões urgentes sobre o acesso a cuidados psiquiátricos. Especialistas destacam que surtos psicóticos, quando não tratados adequadamente, podem levar a comportamentos violentos e imprevisíveis. No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que a demanda por tratamento psicológico cresceu significativamente nos últimos anos, mas o sistema de atendimento ainda é insuficiente para atender a todas as necessidades.

Reflexão e esperança por mudanças

A morte de Soraia não pode ser revertida, mas pode servir de alerta para a importância de intervenções preventivas e políticas públicas mais eficazes para apoiar famílias que lidam com problemas de saúde mental. O silêncio que paira sobre Mafra hoje ecoa as perguntas sem resposta que muitos fazem: o que poderia ter sido feito para evitar essa tragédia?

No fundo, o desejo comum é que esse episódio, marcado por uma dor incomensurável, inspire um futuro onde tragédias assim sejam cada vez mais raras — ou inexistentes.