TESTE75

O que torna tudo ainda mais doloroso é que, depois de sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral), Edson perdeu os movimentos dos braços — e, pra um músico, isso é quase como perder a identidade. A partir daí, a situação só piorou. Ele teria se afundado nas drogas, e aí veio a queda. E ninguém estendeu a mão? Difícil saber. O que se vê é que ele terminou os dias esquecido e invisível, como tantos outros nas calçadas das grandes cidades.
Não é a primeira vez que vemos um talento da música brasileira acabar assim, no completo abandono. Semana passada mesmo, teve aquele caso do cantor que foi internado com pneumonia depois de ser encontrado dormindo em um terminal de ônibus em Belo Horizonte. Parece que existe uma fila invisível de artistas que deram tudo no passado e hoje mal conseguem sobreviver.
Mas voltando ao Edson, fica um sentimento de que faltou cuidado. Faltou memória. Num país onde o presente já é difícil de engolir, o passado vira poeira rapidinho. É cruel, mas é verdade.
Em tempos em que o Raça Negra continua fazendo shows e arrastando multidões pelo Brasil, seria justo pelo menos lembrar de quem ajudou a construir essa história. Mesmo que tenha sido com acordes tocados há décadas, a presença dele teve valor. Não é porque o fim foi triste que a trajetória deixa de ter importância. Muito pelo contrário.
Se a gente não olhar com mais empatia pra essas histórias, outras tantas vão seguir o mesmo caminho. E daqui a pouco, quando a gente menos esperar, outro nome vai aparecer num obituário qualquer, como mais um ex-músico que morreu